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domingo, 1 de dezembro de 2013

Natal Brasileiro

          Atravesso as montanhas e chego a singela vila interiorana. Localizada a menos de uma centena de quilômetros da capital, a pequena cidade era o grande refúgio dos estressados habitantes da metrópole. Era uma estância hidromineral e suas águas eram procuradas para os mais diversos fins.
Era época de Natal, e minha intenção era justamente entregar presentes às crianças carentes do lugar. Embora a capital também estivesse repleta de pessoas nessas condições, queria aproveitar a ocasião para usufruir do clima e das belezas de Lagoa Funda.
          Após hospedar-me em uma pousada no centro da cidade, fui passear pela praça principal, enfeitada de pinheiros decorados que contrastavam com os ipês e jacarandás nativos; milhares de bolinhas de isopor estavam espalhadas nos canteiros, a imitar flocos de neve. Pelas lojas, papais noéis sentados, à procura das crianças e, por tabela, dos pais que receberam o 13°. Próximas ao parque, charretes coloridas transportavam turistas, ávidos também para conhecerem as centenas de lojas de artesanato e lembrancinhas.
          No dia seguinte à minha chegada, conheci um guia-mirim, Lucas. Como trouxera muitos presentes, resolvi lhe entregar um. Mas pensei em fazer isso na sua própria casa, até para conhecer melhor as pessoas e costumes do lugar. Combinamos que eu passaria lá no final da tarde, já que Lucas trabalharia durante o dia acompanhando os turistas. Por outro lado, eu também passaria o dia entregando os brinquedos em um orfanato.
          No início da noite, entrei na tortuosa rua calçada de paralelepípedos; não estava tão bem conservada, certamente por estar localizada na periferia e não ser passagem freqüente de turistas. Achei a casa do garoto sem dificuldades: ele me esperava no portão.
          Estava sozinho. A mãe rezava na igreja, o pai, ainda trabalhando, e os 3 irmãos na casa dos vizinhos, onde ele também estaria se não estivesse a minha espera.
          Após entrar na casa e me sentar no sofá, abri a sacola e lhe dei o presente. Apesar da impetuosidade de seus 8 anos, abriu o pacote com cuidado (certamente para usar o papel de presente em outra oportunidade) e passou a admirar o boneco de um Papai Noel de pano, vestido com seu casaco vermelho e conduzindo o trenó com a ajuda das renas. O trenó possuía pequenos pacotinhos, como se fossem presentes.
          “Renas, casaco de frio, trenó?” Deve ter pensado o garoto, num instante de reflexão que, confesso, nem eu, como adulto, tivera. Apesar da inconfundível simpatia desse símbolo, o Papai Noel naqueles trajes, com aqueles animais e conduzindo um trenó não parecia combinar com o que se via pelas ruas do nosso país.
          — É bonito. — respondeu-me afinal — mas meu Papai Noel é outro.
          — E qual é? — perguntei, espantado.
          Ouvindo um barulho na rua, ele pegou-me pela mão e me puxou para fora da casa. Próximo ao portão, apontou-me alguém e me disse:
          — É ele.
          Era seu pai, vestido com uma surrada calça e camisa social meio aberta; conduzia uma colorida charrete de turistas, guiadas por dois cavalos sem raça definida. Na pequena carroça, algumas sacolas imitando presentes: na verdade, o alimento do dia.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Ativistas x Cientistas


O Brasil está entrando em um caminho perigoso: movido pela inércia do Judiciário e pela corrupção que campeia o Executivo e o Legislativo, a população resolveu não esperar e fazer justiça com as próprias mãos.
O problema é o que cada um entende como justiça.
Nessa semana, dezenas de ativistas pelos direitos dos animais invadiram um laboratório particular legalmente credenciado e roubaram 178 beagles que ali estavam a serviço da ciência; junto com os animais, destruíram também documentos e equipamentos. A alegação era a de que o laboratório torturava os animais e de que o Ministério Público não se pronunciava a respeito.
A primeira vista, é fácil ficar do lado dos ativistas. No entanto, basta um pouco de discernimento e de pé no chão para perceber que a atitude deles prejudicou até mesmo a causa que apoiavam, a de que o Laboratório Royal maltratava os bichos. Agora, sem os animais e os documentos, provavelmente o processo (penal?) será extinto por falta de provas.
Pergunto-me também se o laboratório tivesse convocado cientistas e simpatizantes para fazer frente a invasão. Ou seja: em vez de o Judiciário definir a questão, tudo pareceria se resolver com os grupos se digladiando. Mais Idade Média, impossível.
Não sou especialista em biologia e por isso não posso afirmar se é mesmo possível substituir os animais em toda e qualquer pesquisa. Particularmente, creio que não: programas de computador não me parecem capazes de prever as nuances de cada substância inoculada em um organismo vivo. Os mamíferos em geral são escolhidos para experiências em laboratório justamente por causa disso, visto que sua biologia interna é muito parecida com a dos humanos: todos têm sistemas respiratórios, circulatórios e reprodutivos com os mesmos órgãos que as pessoas.
Em todos os portais de notícias a invasão foi um dos principais assuntos da semana. No Yahoo, que eu costumo acompanhar mais por causa de meu e-mail, foi fácil perceber que cerca de 70% das pessoas que comentavam a notícia apoiavam os ativistas; questionados por alguns dos 30% restantes sobre como os cientistas pesquisariam novos medicamentos sem os animais, as respostas foram estarrecedoras: que se usassem então presidiários.
Embora certamente muitas pessoas não sejam dignas de serem tratadas como humanos, não é rebaixando-as ainda mais que a humanidade evoluirá. Uma das últimas pessoas a levar a sério os experimentos com humanos foi o médico nazista Josef Mengele, e a simples palavra “nazista” ao lado de seu nome já nos faz imaginar as consequências de tais experiências. Ou seja, boa parte dos ativistas parece mesmo acreditar que o melhor é que se usem seres humanos para tais experiências, inclusive não se importando com a eventual morte de tais pessoas. Pretendem criar uma nova ordem mundial e boa parte não se importaria em copiar a ideologia eugenista dos nazistas para tanto.
Em suma, estamos bem de ativistas, hein?
A propósito, dois dos beagles já foram resgatados pela polícia. Estavam abandonados, caminhando perto do laboratório.

sábado, 5 de outubro de 2013

Encontro


Você me olha 
E não sabe os séculos que carrego 

Meus olhos negros e a pele cor de terra não disfarçam: 
em algum lugar das arábias surgiram meus antepassados 
Séculos depois, escolheram a península italiana para morada 
estabeleceram-se em Verona, ao norte, 
talvez fugindo de tiranos ou inimigos 

Passaram as gerações 
E veio o século 20 
com suas ditaduras, crises e a primeira guerra mundial 
Os navios europeus atravessam o oceano 
e para o novo mundo trazem os desesperados 
Aportam no litoral do Brasil 
Muitos seguem para o interior, a procura de um clima familiar. 
Minas recebeu vários, incluindo os meus 
A terra das montanhas promoveu o encontro entre avós e pais 
E, por fim, estou aqui, no coração do país 
Olhando seus olhos castanhos que também carregam histórias antigas 

Seu passado é ainda mais cigano 
e Deus teve algum trabalho para moldar-lhe o corpo e o espírito 
Minha Afrodite: 
Moçambique, Palestina, Itália, também viram seus antepassados 
até se encontrarem em Portugal 
No fim, talvez os mesmo navios que carregaram os meus também trouxeram os seus 
Quem saberá? 
Nossos antepassados podem ter sido parceiros nas cartas, nas danças e festas 
Quiçá tiveram pequenos namoros a bordo ou refletiam juntos sobre o futuro, 
fitando o mar até se despedirem no porto 

Os seus escolheram como morada Belém e São Luís 
e depois vieram como tantos para o cerrado de Brasília 
Finalmente nos encontramos aqui, nesse lugar improvável, 
porque nem sempre as belas histórias começam em belos cenários. 
Nessas horas, para que lembrar que carregamos a história da humanidade? 
Como todos, não somos filhos apenas de nossos pais 
Assim foi o caminhar até aqui 
E o brilho que está em ossos olhos, sinaliza: começa agora a nossa história.

domingo, 15 de setembro de 2013

Manhã



Acorda 
Estique braços e pernas 
Boceje. 

Agora me abraça: 

meu coração também precisa espreguiçar.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Museu Nacional dos Correios - Brasília (DF)


Inaugurado em 15 de janeiro de 1980, o Museu Postal e Telegráfico da ECT fechou para reformas e reabriu em 25 de Janeiro de 2012.

Além do acervo relacionado aos correios, abriga exposições temporárias.




 
 Modelos diversos de caixas de coleta, do período imperial e da república


Caixa de coleta da época imperial.


 A caixa maior foi a primeira do período republicano, com 2 metros de altura e 500 quilos; a menor também é republicana, do tipo parede.


 Caixa de coleta do império, tipo parede. Repare que as caixas de coleta da época imperial e as dos primeiros momentos da república eram quase idênticas: a única diferença é a estrela (que representa a república) no lugar do brasão imperial (coroa vermelha e amarela com uma cruz no topo). Isso ocorreu porque, com o advento da república, os símbolos do império foram excluídos.





 Réplica de um furgão postal, utilizado no Rio de Janeiro.


 O barco de cima é réplica de uma canoa do rio São Francisco. A de baixo é uma canoa das monções, utilizada na última fase do ciclo do ouro no Brasil.


Réplicas de aviões já utilizados pelos Correios.














ENDEREÇO: SCS - Setor Comercial Sul, Qd. 4, Bl. A, nº 256, Ed. Apolo

TELEFONE: (61) 3426-1000

HORÁRIO DE VISITAÇÃO: terça a sexta, entre 10 e 19 horas; sábados, domingos e feriados, entre 12 à 18 horas.

ESTACIONAMENTO: o museu está no Setor Comercial Sul, justamente a área mais movimentada de Brasília. Existe estacionamento gratuito ao redor, mas é quase impossível encontrar vaga depois das 7 e meia da manhã. É preferível descer na estação de ônibus da W3 Sul (próximo ao shopping Pátio Brasil) e caminhar até o museu; outra alternativa é descer na estação de metrô da Galeria. Para visitas mais tranquilas, escolha os finais de semana.

ENTRADA: gratuita

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Memes

Para nossa alegria
Hoje é dia de rock, bebê!
Vamos todos tomar uns bons drinks,
e comer uns sanduíches, íches, íches
menos Luíza, que está no Canadá.
Que deselegante!
Isso é muita falta de sacanagem...





Obs: memes é um conceito moderno, que surgiu com a internet. São vídeos, frases e gestos que surgem espontaneamente, como um bordão. Via de regra são repetidos a exaustão por poucos dias ou semanas, até o surgimento de outros memes.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Km 08

 

O destino me enviara recentemente àquela estrada nas montanhas; desde então, dia e noite a percorria sozinho no carro. Eventualmente dava caronas para moradores da região, e através deles descobri a história do lugar.

No topo de uma daquelas montanhas, no início do século vinte, surgiu uma pequena vila militar, com um forte onde se vigiava o horizonte. A má qualidade da terra encareceu a permanência dos militares, visto que todos os mantimentos precisavam vir da planície; poucos anos depois, se transferiram para outra região. O local, que passou a ser conhecido na região como Vila Um, permaneceu abandonado, sendo usado apenas como base de apoio por eventuais alpinistas e moradores da região, que cortavam lenha nas proximidades.

Quilômetros abaixo, surgiu posteriormente a Vila Dois, hoje habitada por não mais que mil pessoas, vivendo da agricultura e de um turismo incipiente. Após tal vila, existiam algumas outras, a beira de uma estrada de terra que levava a rodovia principal da região.

Na noite de uma sexta-feira, próximo a Vila Um, vi um rapaz no acostamento, pedindo carona. Loiro, forte, cabelos curtos, mancha escura na face, e com aproximadamente vinte anos de idade; devido a noite escura, não percebi muitos detalhes da roupa e nem da mochila que carregava. Embora soubesse que a carona é algo comum em cidades e vilas do interior, mas ainda amuado pelas paranóias da cidade grande, em que a maioria dos bandidos que pedem carona são homens e jovens, não parei e segui meu caminho. As caronas que dera anteriormente se resumiram a idosos e mulheres.

Contudo, alguns quilômetros depois, mais abaixo na montanha, na Vila Dois, tive a clara impressão de ver o mesmo rapaz parado. Igualmente louro, forte, jovem, de cabelos curtos e uma mancha na face.

Lembrei-me das lendas urbanas que relatavam sobre fantasmas pedindo carona em rodovias; em uma primeira versão, apareciam em pontos diversos da estrada, como a perseguir determinado motorista; em outros relatos, quando alguém aceitava transportar a pessoa, esta pedia para saltar na frente do cemitério ou em uma casa, onde posteriormente, se descobriria, através de uma foto, tratar-se de um familiar morto.

Acossado pela curiosidade, decidi parar o carro.

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O rapaz entrou no veículo e, após aparentar surpresa ao me ver, olhou para a frente e disse apenas o destino.

“Fico no quilômetro oito, por favor”.

Tentei puxar conversa, mas respondia com frases lacônicas e em momento algum olhou em minha direção. Parecia nervoso e ansioso para chegar logo ao destino.

Relembrei as tais lendas urbanas ao passarmos em frente a um antigo cemitério usado pelos primeiros moradores da região. Desativado há duas décadas, raríssimas vezes era ainda visitado por algum parente dos falecidos. Contudo, ao passarmos em frente ao local, o rapaz apenas fez o sinal da cruz e... permaneceu no veículo.

Minutos depois, chegamos ao quilômetro oito, onde uma pequena vila, de não mais que vinte casas, se assentava.

“Fico naquela casa amarela, na esquina”, informou o carona.

Parei o carro, ele agradeceu sem me olhar e desceu. Curiosidade ainda tenho, mas não tive a chance de procurar posteriormente a casa para verificar a possibilidade de ele ser um morador falecido.

Olhei para a frente e vi a antiga placa que identificava a vila sem nome oficial; era de madeira, pintada pelos próprios moradores, e o material já apodrecido a fazia pender para o lado, deixando o oito na horizontal. Enquanto o rapaz mexia com uma mala, segui em frente.

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Após certificar-se do afastamento do carro, o rapaz da carona, um fotógrafo da própria região que estivera na Vila Dois tirando fotos para uma revista de turismo, parou de fingir que mexia na mala. Levantou-se ao ver os faróis desaparecerem na escuridão. Passou reto pela frente da casa amarela, na verdade um restaurante desativado onde ninguém entrava há mais de dez anos. Virou a esquina e entrou em um sobrado a alguns metros de distância. A sua casa.

Dirigiu-se a um depósito, onde procurou o jornal da região, publicado semanas antes. Encontrou o exemplar, localizou uma matéria com foto e ligou para o irmão gêmeo, também um fotógrafo, que estivera na Vila Um documentando o passado da região; àquela hora poderia estar a beira da rodovia, esperando carona. Alertou-o a não aceitar carona de um homem dirigindo um Gol, modelo antigo, de cor verde: o veículo que o trouxera até ali. Que voltasse a pé ou conseguisse carona com outra pessoa; na volta, lhe explicaria o porquê.

Deixou o jornal na mesa da sala e sentou em uma poltrona, de onde só saiu até a chegada do irmão, uma hora depois.

................



No Gol verde, o motorista ainda percorria a estrada, que dava a volta na montanha. Passou novamente em frente à Vila Um, mas o primeiro rapaz (ou seria o mesmo?) já não se encontrava. Antes de chegar em frente ao cemitério, passou por uma ponte. Não poderia perceber, mas no fundo do rio logo abaixo havia um Gol verde, capotado há alguns dias, com apenas um ocupante, um homem. Apesar da morte na rodovia, a vítima não se machucara tanto, e seu rosto possuía apenas um grande corte nas têmporas. O mesmo corte que assustara o rapaz da carona.

Apesar da ligação para os bombeiros do jovem fotógrafo, que o reconheceu na fotografia do jornal, seu corpo permaneceu perdido nas águas do rio, sendo consumido pelo tempo; sua alma, perdida nas curvas da estrada.



segunda-feira, 10 de junho de 2013

Idioma

Hoje é o Dia da Língua Portuguesa, por isso publico hoje uma pequena homenagem ao nosso idioma, às vezes tão depreciado em nosso próprio país...



Tudo bem


inglês é legal, principalmente o molho

mas aqui falamos português, ô cacete!



Cansado de me sentir estrangeiro em meu próprio país



Daqui há pouco não tem tchau, só bye

e nem Oi, só Hi

Pro raio que o parta!



... Liquidação virou off

Aprendiz é trainee

Contínuo é office boy...

...e se for mais velho, é office old?



Aquele acessório do computador

sempre foi mouse

Mas ouse!



E coitados dos velhos bambas:

Noel, Cartola, Nelson Gonçalves, Gonzagão

Agora não tem mais o poético cancioneiro

chamam agora de songbook...



Glup!

desculpem falar de boca cheia

Saci, boitatá, curupira, mula sem cabeça

não foram convidados pro Halloween

mas roubei a tal abóbora,

E dá-lhe camarão na moranga

É ruim, hein???

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Cemitérios

A paz dos cemitérios é perene, definitiva,


imorredoura




Os furacões não os vencem,

apenas contornam seus muros,

fronteira entre o ser e o não ser,

que protegem as terras inférteis,

ignoradas pelos ditadores

por só produzirem lembranças



Repare: não há apenas solidão e silêncio

Mas também trégua



Pelos cemitérios não há alegria.



Também não há batalhas,

desespero

cansaço

fome



Pois a morte já levou tudo

a dor

a dúvida



Não duvides: após a cerca

por vezes, os mortos somos nós.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Ermida Dom Bosco - Lago Sul (DF)


A Ermida Dom Bosco foi a primeira construção concluída em Brasília, mas não fica na capital propriamente dita. O pequeno templo está no Lago Sul, um bairro de classe alta, em cima de um morro com visão privilegiada da capital. A construção fica em um ponto por onde passa o paralelo 15, local em que Dom Bosco, em sonho, anteviu em 1883 a construção "de uma cidade onde correria o leite e o mel", e que foi associado com o surgimento de Brasília.

O monumento foi inaugurado em 1957, antes mesmo do surgimento do Lago Paranoá, que fica à frente. A capela tem a forma de uma pirâmide de base triangular revestida com mármore e com uma cruz de metal no topo. No seu interior há uma imagem de Dom Bosco esculpida em mármore de carrara, assinada pelos irmãos italianos Arreghini, além de uma placa de bronze com os seguintes dizeres:

" O sonho visão de Dom Bosco. Entre os paralelos 15° e 20° havia um leito muito extenso, que partia de um ponto onde se formava um lago. Então uma voz disse repetidamente: quando escavarem as minas escondidas no meio destes montes, aparecerá aqui a grande civilização, a terra prometida, onde jorrará leite e mel. Será uma riqueza inconcebível!"

A ermida está inserida há alguns anos no Parque Dom Bosco, com 131 hectares, que inclui também uma pequena trilha para caminhada e uma capela projetada por Niemeyer (esta construída em 2006). Há também uma praça usada em pequenos eventos e um pier.

O Por do Sol é famoso na ermida, motivo pelo qual muita gente o visita por volta das 18 horas.



Acesso ao Parque




O Lago Paranoá visto da ermida.







 O Lago Paranoá com a capela de 2006. No alto do morro à frente, a Torre Digital.


 Capela projetada por Niemeyer e construída em 2006.


O famoso pôr do Sol da ermida...



A ermida na época da construção, ainda sem o Lago Paranoá.



ENDEREÇO: QI 29 do Lago Sul, próximo à Barragem do Paranoá

TELEFONES: (61) 3367-4505 e 3367-2000

HORÁRIO DE VISITAÇÃO: todos os dias, de 07 às 19 horas

ESTACIONAMENTO: gratuito

ENTRADA: gratuita



Crédito das fotos: as coloridas são minhas. A que está em preto e branco foi retirada do http://brasiliapoetica.com.br/category/o-dia-a-dia-da-construcao/page/10/ e não tem autoria registrada.



sexta-feira, 19 de abril de 2013

Tristeza



Com porquês a mente se agita


o coração acelera

o sangue ferve

o estômago grita



Mas os olhos cansados fixam o chão

a cabeça pende

e a voz, silencia.

domingo, 31 de março de 2013

Oração


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     A velhinha segura com fervor o terço.

     É sua maneira de conversar com Deus


     Aperta com força uma das bolinhas de madeira

     a sussurrar Pai-nossos, Ave Marias.






Nem todos respeitam seu sossego

e chove profusão de adjetivos:

carola, ultrapassada, sensível, caridosa
                                                
digna de pena

ou apenas digna.

    


... Alheia às tempestades

de críticas e elogios

seu coração sorri discreto:

nada a separará da comunhão com as estrelas.





terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

No colo da morte

Quando criança eu rezava




Para que a morte levasse a mim e meus parentes de ataque cardíaco.

à noite

em sono profundo

no silêncio de casa.



Já me espantavam as mortes violentas

pelo crime

pelos acidentes

pela guerra



Hoje não penso apenas em mim e na familia

Gostaria, será utopia?

Que a morte leve a mim e a todos

como uma mãe leva um filho.

     

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Bentinho

Sofria ao ver a esposa sofrer, a espera de um filho que nunca vinha.


De nada adiantaram exames, inseminação e promessas.

Desesperado, procurou uma jovem garota de programa e lhe fez a proposta: através de inseminação artificial, ela engravidaria dele e, ao fim da gravidez, lhe entregaria a criança. Durante esse período, lhe garantiria alimentação e pagaria os exames médicos.

O plano deu certo e a esposa não desconfiou. Ao fim de nove meses, uma criança abandonada na porta de casa.

A família tornou-se completa e a esposa, realizada. Mas Bentinho torcia quase em desespero: que o rebento jamais tivesse as suas feições.