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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Dicionário de Escritores de Brasília


Tive a alegria de ser incluído na terceira edição do Dicionário de Escritores de Brasília, de Napoleão Valadares (André Quicé Editor, 2012). É a primeira vez que sou incluído em uma publicação desse tipo.

As edições dessa obra tem saído de nove em anos: a primeira ocorreu em 1994 e a segunda em 2003. Estive na casa do próprio autor para adquirir essa terceira edição; foi quando ele me disse que "quem entra, não sai mais". Assim, a cada edição, o dicionário aumenta suas páginas e se consolida como uma grande fonte de consulta sobre a história literária da capital; sua intenção é incluir o maior número de pessoas que publicaram livros ou fizeram parte de antologias, não necessariamente nascidas em Brasília, mas que aqui vivem ou viveram em algum momento de suas vidas. Nessa edição, estão presentes minibiografias de 1293 escritores, alguns de reconhecimento nacional, como Ferreira Gullar (que foi diretor da Fundação Cultural do DF na década de 60) e João Cabral de Melo Neto (chefe de gabinete do Ministério da Agricultura).

Há omissões, naturalmente, já que o número de pessoas que publicam livros - técnicos inclusive - sempre aumenta. Tive a curiosidade de procurar amigos desse meio, e percebi que alguns colegas desse "mundo da literatura" não estão presentes. Percebo que alguns deles tem o foco de divulgação de seus textos pela internet e não fazem parte de associações de escritores na cidade, o que de certa forma dificulta que se relacione tais pessoas a Brasília. Em outros casos, a pessoa publica um ou outro livro, que são vendidos ou distribuídos para familiares ou pessoas muito próximas. Não há repercussão na cidade e por isso tal publicação passa em branco entre os escritores daqui. Meu próprio pai escreveu um livrinho de memórias chamado "Lembranças". Mas tal livro foi impresso em casa, em 2001, teve poucos exemplares e foi distribuído para familiares, a maioria em Minas. Não gerou repercussão fora da família, até porque não era essa a intenção de seu Raymundo: o que ele queria era apenas dividir suas lembranças entre os parentes. Aliás, essa modalidade de literatura tem aumentado, com pessoas não necessariamente ligadas ao meio literário escrevendo suas histórias e dividindo com parentes e amigos.

Outra informação interessante nesse dicionário é que a cidade natal dos autores é informada. Daí se percebe a diversidade geográfica dos escritores, o que reflete a própria formação da população de Brasília, cidade construída por indivíduos de todos os Estados e de um grande cosmopolitismo. Há muitos autores de Minas, Goiás, e do nordeste em geral. Não por acaso, há poucos da região sul ou do norte, já que poucas dessas pessoas vieram a Brasília na época da construção e mesmo nos anos seguintes.

A obra também possui um pequeno histórico sobre a gênese literária em Brasília. Através dele sabemos que a primeira pessoa a escrever na nova capital foi o mineiro Clemente Luz (1920-1999), no caso, crônicas em jornais da Cidade Livre (hoje, Núcleo Bandeirante). Contudo, tais crônicas foram reunidas em livro apenas em 1968 (Invenção da cidade) e 1972 (Minivida). O primeiro autor a usar Brasília como cenário foi o também mineiro Garcia de Paiva, nascido em 1920. A obra é "Luana", que foi escrita em Brasília em 1960 mas foi publicada em São Paulo, dois anos mais tarde. Por fim, a primeira obra publicada na capital foi a antologia "Poetas de Brasília", através da Editora Dom Bosco, em 1962. O organizador foi o mineiro Joanyr de Oliveira (1933-2009).

Enfim, segue abaixo a minha minibiografia publicada no livro. Aproveito para informar que, excetuando a antologia "Nome de Mulher", ainda tenho exemplares das outras quatro obras citadas. Quem quiser adquirir alguma, é só entrar em contato através do glaubervieira2004@yahoo.com.br...


quarta-feira, 6 de junho de 2012

Lanterna Verde é gay? Sei...




A "revelação" de que o personagem Lanterna Verde é gay explica o porquê de alguns escritores matarem seus próprios personagens, a  fim de que não sejam usados por outros após sua morte, eventualmente de uma forma que não gostariam. O caso mais famoso é o de Agatha Christie, que deu fim a seu famoso detetive Hercule Poirot no livro Cai o Pano; Sherlock Holmes também foi "assassinado" por Conan Doyle, mas voltou devido ao enorme apelo popular.

Lanterna Verde foi criado, em 1940, pelos cartunistas norte-americanos Martin Nodell (falecido em 2006) e Bil Finger (falecido em 1974). Foi reformulado na década de 1960 e, ao contrário do Super-homem - que sempre teve Clark Kent como sua "identidade secreta" -  muitos personagens adotaram a alcunha Lanterna Verde. O que eu particularmente entendo é que os traços biográficos de qualquer personagem são criados e só podem ser alterados pelo seu idealizador. Na ausência deste, necessariamente não morre sua criação, mas tudo o que terceiros acrescentam a ele é apropriação do nome e, talvez no presente caso, pura demagogia. É como se alguém inventasse que o Drácula, criado em 1897 por Bram Stoker, tinha a característica de sair à noite para beber sangue por causa de alguma doença, a fim de direcionar a atenção mundial para tal doença. Legalmente até poderia ser viável, mas nem todos levariam à sério tal "revelação", justamente porque não partiu de seus idealizadores.

É certo que muitos personagens, após a morte de seus criadores, tem sua denominação, aparência física e características controladas por grandes empresas do entretenimento. Assim, é plenamente válido que tais empresas usem-nos em novas plataformas - como o cinema - e na publicação de revistas e livros. Mas alterar ou acrescentar um dado "biográfico" que, na verdade, não tem relevância alguma nos enredos, está mais para a fabricação de falsas polêmicas e vendagem de produtos.

A DC Comics (que detém a propriedade intelectual de vários personagens super-heróis, incluindo o Lanterna Verde) pode até intencionar o apoio a causa homossexual no mundo. Mas certamente está mais preocupada com um possível aumento de venda de suas revistas. A indústria de quadrinhos nos Estados Unidos tem decaído nos últimos anos e uma das maneiras de diminuir os prejuízos é criar eventos absolutamente originais nas histórias. Além da orientação sexual de Lanterna Verde, outro fato marcante nesse sentido foi a morte do Super-Homem, um conjunto de histórias em quadrinhos publicado em 1992. Outra maneira de manter o patrimônio das empresas é ceder os personagens para o cinema, daí a grande quantidade de filmes com super-heróis hoje em dia.

Embora seja importante a participação da indústria cultural nas demandas sociais, creio que existem formas mais convincentes de se levantar determinada bandeira. Talvez mais útil fosse a criação de novos personagens, a representarem categorias pouco respeitadas no decorrer da história recente: muçulmanos, homossexuais, negros, deficientes, adictos (viciados em drogas), exilados políticos e, a partir daí, mesclarem essas novas criações com os antigos. Desta forma, sim, representariam um microcosmo da sociedade e seriam uma forma de mostrar as pessoas a possibilidade da convivência harmônica com qualquer grupo.


Fonte da ilustração: Wikipédia