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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A (re)volta de Policarpo





Pela ausência de grandes e heróicos personagens literários, eis que o velho Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi resgatado em carne e osso pela nossa egrégia Academia Brasileira de Letras, saindo de seu “triste fim” para quem sabe um novo recomeço.
Não foram divulgados detalhes sobre o episódio, mas presume-se que a ABL tenha tido a ajuda de um certo mago para trazer o clássico personagem de volta à baila.
Policarpo ressurgiu de manhã, já estranhando de início o que via em volta. Nada mais natural, pois Lima Barreto o colocara na cidade do Rio de Janeiro em fins do século 19.
Saindo com um grupo de escritores para passear pelas ruas do seu Rio, não gostou nada do que viu.
— Bando de gente maluca! Quase nos atropelam com essas carroças de metal e sem animais! Como os cocheiros as controlam?
Enquanto se dirigiam para um parque, lugar mais tranquilo para conversar, explicaram-lhe sobre o desenvolvimento automotivo no decorrer das últimas décadas.
— A cidade está mais desenvolvida, não acha?
— Eu diria mais barulhenta e desorganizada. — respondeu, já perdendo o humor.
— Caro Policarpo — continuou um jovem poeta, talentoso, mas carente de bom senso — és dos personagens mais patriotas que o Brasil já conheceu. Poucos estudaram nossa pátria com tanto amor e competência, não por acaso, tornou-se um clássico na literatura nacional. Por isso te chamamos, para, quem sabe, ministrar um workshop para novos personagens...
— Um o que?? — perguntou Policarpo, estranhando aquele dialeto.
— Uma palestra, um curso. — respondeu outro.
— Bem... sabeis que o Brasil sempre foi minha paixão. O respeito à sua natureza, a sua língua, a sua gente, sempre permearam minha conduta. Terei sim prazer em orientar as novas gerações de personagens. Mas, por ora, encontro-me faminto. Há alguma taberna próxima?
— Sim. — respondeu o jovem poeta —, mas hoje em dia chamam-se restaurantes; ou fast-food, como preferem outros.
— Fésti fud?? Que diabos é isto?
— É comida rápida, em inglês. O pessoal daqui acha elegante a língua de Shakespeare.
— De fato, tem suas belezas. Mas, se não me levaram à sério na proposta de se ensinar o tupi nas escolas, deveriam pelo menos preservar a língua de Camões, também encantadora.
Por fim, resolveram levá-lo numa lanchonete, lugar geralmente mais calmo na hora do almoço, já que Policarpo ainda estava visivelmente incomodado com a enorme quantidade de gente nas ruas. O jovem poeta deu a idéia: levar o velho personagem para lanchar em um shopping center.
Lá dentro, depois de passar em frente de lojas como Golden Joalheria, Kings Coffee e Woodstock CDs, chegaram a praça de alimentação.
Apresentaram ao ufanista Policarpo... o Mc Donalds...
— Róti dóg, xis burguer... Que diabos de comida é essa, senhores?
— Não se preocupe, Policarpo, o nome pode ser estranho, mas o lanche não é ruim.
— As sardinhas da Taberna do João me pareciam mais apetitosas. E pelo menos dava para saber o que estávamos comendo...
Enfim, lancharam todos e uma hora depois estavam de volta à rua. Retornaram para a sede da ABL, onde apresentaram Policarpo a um aparelho inexistente em sua época, a televisão. Nada melhor para mostrá-lo de modo mais dinâmico o que acontecia no país. Foi aí que tomou conhecimento das fraudes em licitações públicas, do desvio de dinheiro, dos votos comprados...
— Bando de néscios, malta de bandidos, quadrilha de pândegos!! A mão da Lei será pesada sobre seus cornos!
Acharam por bem não alertá-lo que a mão pesada dos egrégios tribunais do país tinha por hábito presentear os acusados – a maioria presa em flagrante, com a mão na cumbuca, como diriam os antigos – com providenciais Habeas Corpus...
— Que fazem com meu país, calhordas? — perguntou Policarpo, sem desgrudar os já úmidos olhos da tela.
A notícia seguinte dava conta do desmatamento da Amazônia, da poluição dos rios, e da suprema incompetência governamental não só em prevenir tais problemas, como também em punir os responsáveis.
Depois do intervalo, chegou a vez do caos na saúde pública, das escolas de lata...
— Calhordas, salteadores, biltres, abutres, sacripantas!!! — xingava Policarpo, quase batendo na televisão.
Deram-lhe um calmante à base de farinha que não surtiu efeito. Por fim, preferiram trancá-lo em uma sala, para que pudesse descansar um pouco. No início da noite, mais calmo, Policarpo informou:
— Amigos, agradeço a honra de me considerarem como modelo, como exemplo, mas prefiro retirar-me. Na verdade, caríssimos, não preciseis de personagens clássicos ou de heróis míticos; preciseis de homens de carne e osso, de bom senso, justos e preocupados com o próximo, que saibam dirigir o país com responsabilidade e serenidade.
E foi-se o velho Quaresma, quem sabe passar uma quarentena no consultório do seu estimado amigo Simão Bacamarte, o Alienista, de Machado de Assis. Precisava desabafar um pouco...



“Há quantos anos vidas mais valiosas que a dele se vinham oferecendo, sacrificando, e as cousas ficaram na mesma, a terra na mesma miséria, na mesma opressão, na mesma tristeza.”
Triste Fim de Policarpo Quaresma


Texto premiado no VII Prêmio Barueri de Literatura, em 2010, na categoria "conto, de não-residentes em Barueri".




Obs: a primeira foto mostra uma cena do filme "Policarpo Quaresma, Herói do Brasil", cujo personagem principal é interpretado por Paulo José (fonte: http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=308).

A segunda foto ilustra o desconsolo do personagem, mas, na verdade, retrata Machado de Assis, presumivelmente sendo acudido após um ataque de epilepsia (fonte: Wikipédia).



quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Premiação no VII Prêmio Barueri de Literatura

Não podia perder essa: logo após receber por telefone a notícia de que havia ganho o concurso, passei a planejar a viagem para Barueri, cidade localizada na zona metropolitana de São Paulo. No dia 24 de novembro, à noite, embarquei para São Paulo. No dia seguinte de manhã, desembarquei na capital paulista. Após pegar um trem para Barueri, cheguei lá por volta da hora do almoço. Já instalado em um hotel no Alphaville (não sou tão chique assim, é que o hotel mais próximo do local da premiação estava lotado, rsrs), dei um tempinho e em seguida peguei um táxi até o centro de eventos da cidade.



Jurados do Prêmio Barueri sentados à direita






Apresentação musical de crianças


A cerimônia foi simples, mas tremendamente cativante. Crianças apresentaram números musicais, e esquetes teatrais foram feitos por jovens, tendo alguns dos contos premiados como matéria-prima. Os vencedores recebiam seus troféus e, no caso dos primeiros lugares, um cheque simbólico.

Abaixo, fotos dos premiados (estou agachado, primeiro a esquerda), do troféu e do cheque simbólico.









terça-feira, 30 de novembro de 2010

Pequeno histórico literário

Escrevo desde 1992. Nesses dezoito anos tive algumas grandes alegrias, períodos de questionamento sobre o meu papel no meio literário, fases de grande e também de nenhuma produção.
Minha primeira grande alegria ocorreu ainda em 1992, quando publiquei meu primeiro conto, uma historinha despretenciosa, no "Esquina", jornal produzido pelos alunos de jornalismo do Uniceub, onde fiz psicologia.
Já por volta do ano 2000, tive uma experiência como colunista no Correio do Sul, o maior jornal de minha cidade natal, Varginha, no sul de Minas. Na coluna, publicava textos literários e sobre psicologia, mas minha falta de disciplina em entregar os textos na época correta fez com que resolvesse não prosseguir com o projeto.
Já em 2002, fui publicado pela primeira vez em uma antologia literária, após vencer o concurso de contos da editora DGF, de Ibirité (MG).
Seguiram-se outras publicações semelhantes, mas passei a sentir falta de um reconhecimento mais contundente. Concursos promovidos por editoras nem sempre tem o objetivo de realmente publicar os melhores; muitas veses, os organizadores escolhem vários textos de autores diversos justamente para que muitos queiram depois pagar para ver seu texto incluído na coletânea dos vencedores. Passei então a mirar apenas concursos promovidos por prefeituras, ou academias literárias, que a meu ver teriam um cuidado maior.
E foi aí que surgiu o Prêmio Barueri na minha vida. Após participar desse concurso, promovido pela prefeitura municipal de Barueri, em São Paulo, por dois anos seguidos, fui agraciado com a primeira colocação na edição de 2010. A partir daí tive a convicção de que, realmente, "tenho jeito pra coisa". O conto vencedor foi " A (re)volta de Policarpo", que brevemente será aqui publicado (um suspensezinho pra fazer propaganda do blog, rsrs).

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Histórico de família



Naquela tradicional família de criminosos:

Mário, o patriarca, morreu já velho
ao tentar roubar uma rica arca;

Vilmar, o punguista,
morreu num tiroteio com a polícia;

Júlio, o ladrão,
morreu ao tentar fugir da prisão;

Mateus, o traficante, fugia da polícia quando se foi,
atropelado por uma variant;

Tião, o estelionatário, morreu ao tentar fazer um político de otário
(eles odeiam concorrência);

Bete, a seqüestradora, morreu ao tentar seqüestrar um empresário,
armado de uma metralhadora;

E Marcos, deles o único trabalhador, morreu de hipoglicemia,
e virou, a ovelha negra da família!...


Obs: essa despretenciosa poesia foi um de meus primeiros textos, e já deve ter sido escrito a coisa de quinze anos!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Cotas






Local: balcão de informações de uma universidade fluminense (mas poderia ser em outro Estado);



Personagens: jovem vestibulando descendente de alemães;
mocinha do balcão de informações.



Cena única:

— Bom dia.
— Bom dia.
— Queria saber a quantidade de vagas para Direito, à noite.
— Cento e vinte.
— Hmmm, tá bom.
— Mas tenho que alertar que trabalhamos com o sistema de cotas.
— Ah, tá. Então me explique.
— 25% dessas vagas estão reservadas para negros e afrodescendentes.
— Hmmm...
— Outros 25% são reservados para estudantes de escolas públicas.
— Caramba! Só aí já deu metade das vagas!
— Pois é, mas não acabei.
— Tem mais??
— Sim. — respondeu a moça do balcão, enquanto pegava uma lista que até o momento passara despercebida. — A universidade preocupa-se com os vários problemas histórico-étnico-sociais do país e por isso desenvolveu um exclusivo sistema de cotas que privilegia proporcionalmente a parcela minoritária da população.
— ????
— Vou explicar detalhadamente. — telemarketinguizou. — Eu havia dito que 25% das vagas são reservadas para negros ou afrodescendentes e 25% para estudantes de escolas públicas, não foi?
— Foi.
— Outros 10% são reservados para negros ou afrodescendentes E estudantes de escolas públicas, mais 10% são para indígenas ou indo-descendentes, outros 10% para pessoas que precisam pegar ao menos três ônibus para chegar à universidade... — está acompanhando meu raciocínio?
— ????
— Ótimo. Mais 5% para ex-presidiários, igual porcentagem para albinos e também 5% para os calvos, e finalizando...
— Tem mais??
— Teeemmm... a fim de se preservar o patrimônio imaterial futebolístico carioca, reservamos 1,5% para os torcedores do glorioso América!
— O QUE?? Até os torcedores do Ameriquinha tem esse privilégio?
— Sabe como é, o América é o segundo time de todos os cariocas, é verdadeiramente o time que faz reunir toda a massa do futebol do Rio.
— Putz, e o que me sobrou?
— 3,5%.
— Só isso?
— Não, me desculpe me enganei... esse meio por cento está reservado para os anões. Sobraram então 3%.
— E isso em número de vagas dá quanto?
— Três ponto seis.
— E o que é que vocês fazem com “zero ponto seis” de uma vaga?
— Bom... desculpe-me de novo, sou nova aqui, dessas “três ponto seis” vagas, “uma ponto seis” ficam para os obesos... é que eles precisam de uma cadeira maior para sentar-se. Nossa faculdade se preocupa com a ergonomia e o conforto dos alunos.
— Tá bom. Então na prática só tenho direito a duas vagas?
— Exatamente.
— E o que você acha disso?
A moçinha se debruçou sobre o balcão e sussurrou no ouvido do vestibulando.
— Confesso que eu acho até democrático: transformou todo mundo em minoria...





quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Fábula




O médico da floresta dá uma péssima notícia para a dona porco-espinho, grávida de seus primeiros e parrudinhos trigêmeos.



O parto seria natural.





VERSIÓN EN ESPAÑOL





El médico de la floresta dá una pésima noticia para la puercoespín, embarazada de sus primeiros y fuertes trillizos.




El parto será natural.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Blitz



Terça-feira, dia 25

É recebida pela polícia uma denúncia anônima que informava sobre um Gol vinho, quase “zero”, carregado com alguns pacotes de cocaína, e que entraria na região oeste da cidade, possivelmente na tarde do dia seguinte.
As autoridades imediatamente organizam uma blitz no local, de modo que, já na hora do almoço, policiais estivessem às margens da rodovia, próximos à entrada da cidade, conhecida por ser rota de passagem de caminhões e veículos que traziam cocaína da Bolívia.
Enquanto isso, outros policiais se postaram quilômetros à frente, a fim de comunicar aos colegas a passagem de veículos suspeitos.
Já no fim da tarde, os policiais da blitz são comunicados de que dois veículos com aquelas características estão passando pela estrada com destino à cidade.
— Vamos parar os dois, então. — Informa o chefe da equipe.
Em seguida, o primeiro veículo chega. É dirigido por Zé Henrique, um homem negro de cabelos rastafári; ouve reggae no último volume e tem vários pacotes no banco de trás e no porta-malas...
— Fala, meus irmão, o que é que manda?
O chefe dos policiais chama um dos colegas que abordaria o sujeito e recomenda:
— Com esse cabelo, esse palavreado, ouvindo reggae no último volume? Pode meter bronca nessa revista...
Em seguida o segundo veículo também encosta na pista. Em seu interior, dois rapazes e uma moça.
— Tudo bem, seu policial, alguma coisa?
Mais por praxe do que por acreditar que encontraria algo ali, outro policial pediu documentos e revistou superficialmente o veículo.
— Pra onde estão indo? — pergunta.
— Somos colegas de faculdade, estamos saindo do trabalho e vamos para a biblioteca, sabe como é que é...
— Entendo, tudo bem, podem ir.
Enquanto isso, até o motor do carro de Zé Henrique era revistado. Os pacotes no banco de trás e no porta-malas já tinham sido verificados: eram pares de sapatos que ele alegara ter comprado para revender. Comprovara tudo com notas fiscais.
Apenas vinte minutos depois, conseguiu ser liberado. Olhou no relógio: eram 17:30.

Mesmo dia, 19:00

Os três estudantes estacionam o Gol em uma garagem e descem do veículo, esfuziantes:
— Fantástico, cara, que idéia! — entusiasmou-se um dos rapazes.
— Pois então cumprimentem o gênio aqui!” — complementou o motorista.
A garota entra em casa e liga o som; nesse meio tempo, os outros dois abrem o porta-malas e retiram o estepe; dentro dele, estão escondidos alguns pacotes de cocaína, dinheiro sujo e certo nas próximas semanas...
É nessa hora que a campainha toca. Eles se agitam.
— Será a polícia??
— Fiquem tranqüilos — acalma a garota, verificando pelo olho mágico — é só a nossa isca.
Ela abre a porta. Zé Henrique entra.
— E aí brôs, manêro hein?!
— E aí, maluco, quem mandou ter cara de malandro?
— Só porque eu sou neguinho!...
— Isso não é nada. Pior é o reggae no último volume e esse rastafári feito por encomenda. Ficou esquisito, viu?
E o segundo velho comparsa, complementou:
— Pois é, chegado, fazer o que se você se encaixa no estereótipo de bandido? O preconceito é cruel, mas a gente tem é que se aproveitar disso, não é não?...

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Museu Vivo da Memória Candanga - Núcleo Bandeirante (DF)

O museu atual...





E como era na década de 1960, ainda como hospital.





Quem sai de Brasília em direção a Valparaíso de Goiás já deve ter reparado: a beira da rodovia, pouco depois do Parkshopping e um pouco antes do Núcleo Bandeirante, descortina-se sobre um morro um conjunto de casinhas coloridas de madeira.
As tais casinhas margeiam a estrada desde 1957, quando ali foi construído o primeiro hospital de Brasília, erguido para atender os candangos que construíam a capital.O prédio amarelo, o maior, era o hospital propriamente dito. As demais construções serviam como residência de médicos e demais funcionários. Interessante notar que as casas que possuíam duas portas, na verdade, abrigavam duas residências, utilizadas por funcionários casados. As casas que possuíam apenas uma porta eram usadas pelos solteiros.
Após a inauguração de Brasília, o lugar foi rebaixado a posto de saúde, e, na década de 70, abandonado. No entanto, alguns funcionários permaneceram morando algum tempo no local.
Ocorre que a tradicional sanha imobiliária de Brasília passou a abrir os olhos para aquela área. A cultura e a preservação da história venceram através do esforço de antigos funcionários e dos moradores da região, que se mobilizaram para preservá-lo; os ex-moradores foram remanejados para outros pontos do Distrito Federal e o antigo HJKO transformou-se no Museu Vivo da Memória Candanga (MVMC). É hoje o maior complexo de construções da época da construção mantidas de pé.
O Museu do Catetinho, sem dúvida, é mais famoso, por ter servido de residência para o então presidente JK. No entanto, trata-se de apenas uma edificação, ao contrário do complexo do MVMC, com pouco mais de uma dezena de edificações.
No antigo prédio do hospital, encontra-se hoje uma biblioteca, uma maquete atualizada de Brasília e a exposição permanente “Poeira, Lona e Concreto”, com ambientes simulados da época da construção, como um quarto de hotel e salão de barbeiro, além de várias fotografias.

Um salão de barbeiro recriado...













A maquete de Brasília, constantemente atualizada. Na imagem a direita, o interior do museu: recriação de uma sala de hotel, máquina fotográfica, fotografia da Missão Cruls e projeto original da cidade.



Já em algumas das antigas residências funcionam hoje oficinas culturais, como a de cerâmica.
E em um galpão, cedido para o Veteran Car Club, estão abrigados carros antigos e bem preservados.
Qualquer pessoa interessada em conhecer melhor a história da construção de Brasília, apreciará muito a visita a este museu, cuja entrada é gratuita. Dica do Glauber!





Antigos veículos presentes no MVMC.


Mais fotos do museu:







ENDEREÇO: VIA EPIA SUL (SAÍDA SUL DE BRASÍLIA)

HORÁRIO DE VISITAÇÃO: DE TERÇA A DOMINGO, ENTRE 09 E 17 HORAS

TELEFAX: (61) 3301-3590

ENTRADA: gratuita

ESTACIONAMENTO: gratuito

terça-feira, 6 de julho de 2010

A ponte







A antiga estrutura ligava os dois lados da cidade.



Mas não foi capaz de ligá-lo ao mundo.







Obs: a figura acima é parte do cartaz do documentário "A Ponte", de Eric Steel. O filme retrata a ponte Golden Gate, em San Francisco (EUA), citado como o lugar onde mais pessoas se suicidam no mundo.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Dona Josefa



I.
Eram três os filhos de dona Josefa.
Unidos.
E era esse um problema.

Carlos, o mais velho, era também o mais “estudado”. Após concluir a faculdade, ingressara por concurso público em uma estatal, responsável pela administração e reparos das rodovias do Estado. Alguns anos se passaram até que tivesse o prestígio necessário não apenas para influenciar decisões administrativas, mas também para manipular licitações e favorecer aliados.
Uma dessas licitações envolvia a Rodovia dos Pioneiros, estrada que ligava sua cidade natal, Recanto, a Raposas.
Carlos ia pouco a Recanto. Morando na capital a vários anos, preferia mandar a mãe via aeroporto para sua casa. Dona Josefa enviuvara há muitos anos, mas se recusava a fixar residência na casa do filho, já que possuía vários irmãos, amigos, e uma longa história naquela cidade.
Contudo, falava com orgulho do filho, bonito, estudado... Ria com ironia quando ele a aconselhava a nunca pegar a estrada, pois era perigosa.
— Veja só, isso porque ele é quem cuida delas!
E foi com grande orgulho que ela apontava a placa oficial do governo no início da Rodovia dos Pioneiros: o nome de seu filho estava lá, como um dos superintendentes do órgão.
O que nem ela e nem a população em geral acompanhavam era o jogo sujo que começara bem antes do início das obras.
Três empresas se ofereceram para assumir a obra. Contudo, uma delas já sabia de antemão que seria a vencedora: ofereceria um orçamento muito abaixo do mercado, mas usaria milhões a mais para as melhorias na estrada; notas frias e corrupção generalizada garantiriam o negócio. Evidentemente, Carlos seria um dos beneficiários.
A empresa, porém, não trabalhou de forma tão eficiente. Usou material de segunda, o que fez com que rachaduras e buracos ferissem o asfalto após os primeiros temporais. Como a rodovia também era caminho para a capital, o tráfego intenso colaborava ainda mais para agravar o problema; as rachaduras se uniam umas nas outras e, com as chuvas, a terra dos barrancos invadia aqueles espaços ferozmente, como sangue nas veias.

***
O segundo filho de dona Josefa era Mateus. Após terminar o 2° grau, prestou concurso para a polícia e começou a trabalhar em um posto policial a meio caminho entre Recanto e Raposas, cidades que distanciavam entre si aproximadamente uma centena de quilômetros.
Entrara para a corporação pelo motivo que quase todos que dela fazem parte entraram: combater a criminalidade. Contudo, os baixos salários, o sucateamento da frota e o mau exemplo de colegas acabaram enterrando essa visão, que ele percebia hoje como “romântica”. Mateus entrara no jogo das propinas e era daqueles que liberava caminhoneiros de multas frente a colaborações não-oficiais...
Alguns anos depois, já tarimbado e experiente, começou a colaborar com bandidos que assaltavam ônibus nas proximidades, informando a natureza e os horários dos veículos que ali passavam, e retardando a lavratura do boletim policial. Como pagamento, recebia uma porcentagem do que a quadrilha conseguia.
Com base nesse esquema, ele conseguiu comprar uma chácara, que, por questão de segurança, colocara no nome de outra pessoa: um laranja.

***
Fernando. Era esse o nome do caçula de dona Josefa. O temporão já alcançava as duas décadas de vida mas ainda estava no 2° grau, já que repetira algumas séries. Tinha sido um bom aluno até os 15 anos, quando passou a andar com jovens delinqüentes e fumar maconha. O conteúdo escolar ele já não aprendia com tanta facilidade, e o ápice de sua curva descendente começou quando também passou a praticar crimes; começara com pequenos furtos em estabelecimentos comerciais, evoluindo para crimes mais organizados e violentos. Dizia que era movido pela “adrenalina” e usava o produto dos roubos para comprar drogas e patrocinar noites com mulheres.
Ele e alguns companheiros formaram uma quadrilha que assaltava ônibus; preferiam agir na auto-estrada, de madrugada, pois desta forma só atrairiam a atenção de um outro chacareiro às margens das rodovias (que, de antemão, já sabiam que não poderiam testemunhar).
Como já dito, os irmãos eram unidos e cada um sabia das atividades do outro. Faziam voto de silêncio sobre as ilegalidades de cada um. Nas poucas vezes em que Fernando conseguiu ser preso pela polícia após os assaltos, seus irmãos mais velhos (primeiro o policial e, se preciso, o mais velho) interferiam com advogados para que fosse solto. Nunca chegou a ser julgado: o andamento dos inquéritos passava do prazo e o processo era então, extinto.
Dona Josefa jamais desconfiara de algo (ou então, não manifestava tal desconfiança), mesmo porque os assaltos de Fernando e seu grupo eram cometidos nas proximidades de São Vítor, cidade localizada a mais de 200 quilômetros de Recanto.

II.
— Josefa, minha amiga, como vão as coisas?
— Oi, “cumadi”! Aqui em Recanto tudo ótimo: o Mateus continua na polícia e o Fernando anda meio parado, de vez em quando arranja uns bicos, principalmente lá na Expresso Gouveia. Ele é mecânico, sabe? O mais velho continua na capital.
— É bom saber que os meninos estão bem.
— Pois é, Maria, o que mais me preocupa é o Mateus. Esse negócio de fiscalizar estrada pra pegar bandido não me agrada nem um pouco, mas fazer o que, não é? Alguém precisa combater a criminalidade. E aí em Silvestre, como vão as coisas?
— Muito bem, inclusive te liguei para fazer um convite: a Aninha, minha netinha mais nova, vai fazer um ano e eu gostaria muito que você viesse pra festa, afinal, você não é só madrinha da Carla, mas também amiga nossa a muito tempo, não é?
— Ô! Nos conhecemos há uns 40 anos, quando o seu marido e o meu vieram trabalhar nessa estrada que agora o meu filho mandou reformar. Uma vida...
— Pois é. E então, você vem?
— Mas é claro! Quando será a festinha?
— No próximo domingo, à tarde.

***
— Firula.
— Fala.
— O que você acha da gente fazer um trabalhinho? É final de ano e o pessoal costuma viajar mais...
— É... eu tava pensando nisso mesmo. E quem a gente chama?
— A galera de sempre: eu, você, Tomás e Fonseca; vocês três tomam o ônibus e eu acompanho com o carro atrás.
— Roubado, né?
— Lógico.
— Tá bom. Eu vou chamar os dois pra gente conversar melhor. Pode ser lá na sua casa mesmo, naquela mesa de dominó no fundo do quintal?
— Pode, lá é isolado e ninguém escuta a gente.
— Tá bom. Às sete estaremos lá.
Firula se despede e faz menção de ir pra casa. Mas se vira repentinamente e retoma o diálogo.
— Fernando?
— O que?
— Pede pra dona Josefa fazer aquele bolo de trigo que eu adoro.
Fernando apenas riu e voltou a tomar a cerveja que bebericava em um bar.

***
Sete da noite. Firula, Tomás e Fonseca chegam à casa de Fernando, sendo recebidos na porta por dona Josefa, que já os conhecia de longa data.
— Oi, meninos. O Fernando tá colhendo umas bananas lá no fundo do quintal, podem ir lá.
Antes de entrarem, ela chamou Firula e lhe entregou um prato com fatias de bolo de trigo.
— Leva lá, menino. Se vocês quiserem mais alguma coisa é só pegar na geladeira. Agora eu vou na sala assistir minha novela.
Firula agradeceu e junto com os outros foi para o fundo do quintal. Encontraram Fernando apreensivo.
— Caiu uma barreira de terra na nossa área. Tá chovendo muito por lá e não tem como fazer o trabalho agora.
— Só se a gente ficar por aqui mesmo — rebateu Tomás.
— Tá doido? Fazer assalto perto de casa?
— Qual a diferença? A gente vai encapuzado mesmo...
— O Tomás tem razão — interveio Firula — uma vez ou outra não tem problema a gente atuar por aqui mesmo. É até melhor, a estrada foi reformada e fica mais fácil fugir.
— Essa reforma ficou uma merda! Já tem uns buracos aparecendo no asfalto.
— Nada que se compare à estrada de São Vítor.
Fernando pensou um pouco e, no fim, acabou concordando com os colegas.
— É, não tem jeito mesmo, Recanto só tem duas saídas, e uma delas a gente vai usar pra roubar o carro antes, não é?
— Pois é, o procedimento vai ser o mesmo, só muda o cenário: Fonseca e eu vamos até Flor de Maio, de ônibus, roubamos um carro à noite e aí pegamos vocês dois na casa do Tomás. Pegamos a estrada pra Raposas e aí, uns 5 quilômetros depois do posto policial, a gente espera um ônibus. Você sabe que o trânsito nessa estrada é forte, mas de madrugada, a coisa fica mais fácil.
— Tá bom. ¬— concordou Fernando, que acrescentou — O canal é pegar um ônibus da Expresso Gouveia. Trabalhei um tempo na oficina deles e sei de todos os horários. Eu vou dar uma conferida pra gente não precisar ficar muito tempo dando bobeira, parado na estrada.
— E quando poderia ser? — perguntou Fonseca.
— No sábado, à noite, a gente começa. Vou conversar antes com meu chegado da polícia, pra ver se não vai ter alguma operação especial deles na hora...
Todos concordaram com o cronograma. Era ainda quinta-feira e daria tempo de uma mudança nos planos caso fosse necessário.
E na sala de casa, dona Josefa pensava: em vez de ir pra Silvestre no dia da festa, iria no sábado, pra poder conversar um pouco mais com as amigas que ali possuía.

***

Dona Josefa resolveu não comentar sobre a festa em Silvestre, pois os três filhos não gostavam que ela pegasse a estrada.
No sábado, à noite, estava sozinha em casa quando deixou um bilhete na mesa da sala avisando de sua viagem; prometia ligar no dia seguinte.
No mesmo momento, Fernando e Tomás, na casa desse último (que morava sozinho), aguardavam a volta de Firula e Fonseca, que retornavam de Flor de Maio com o veículo roubado.
Dona Josefa chega a rodoviária de Recanto e embarca no Expresso Gouveia às 8 da noite. A viagem para Silvestre demoraria cerca de 3 horas.
Dentro do ônibus, encontrou alguns conhecidos. Entre todos, a mais íntima era Lúcia:
— Vai fazer compras em Silvestre? — perguntou dona Josefa.
— Sabe como é: lá é mais próxima da capital e muita coisa é mais barata do que aqui. Sem contar o passeio que a gente faz!
E assim iniciaram o diálogo que só terminou às 10 da noite, quando bruscamente o motorista freou.
— Calma gente! Tem um monte de carro parado na frente.
— O que aconteceu? — perguntou um passageiro.
— Pela chuva dos últimos dias e pela sujeira na pista, deve ter sido uma barreira que caiu.
Sua suspeita confirmou-se minutos depois, quando outro passageiro desceu do ônibus para averiguar o ocorrido.
O motorista ficou pensativo por alguns instantes e, no fim, sentenciou:
— Não tem jeito, gente. Vamos ter que voltar pra Recanto, e de lá pra Silvestre via Raposas.
As três cidades formavam geograficamente uma espécie de triângulo, onde cada uma era um vértice.
Dizendo isso, o motorista deu meia volta e retornou a Recanto, onde chegou por volta de 11 da noite. Não parou na rodoviária e seguiu direto pra Raposas, o segundo vértice do triângulo.
No mesmo horário, Fonseca e Firula já tinham voltado de Flor de Maio com o carro roubado. Chegaram à casa de Tomás e pegaram os companheiros. Rumaram para Raposas e, poucos quilômetros depois do posto policial, pararam no acostamento da estrada, onde aguardavam o início da ação.

***

III.
Em Recanto, a sobrinha de dona Josefa, que possuía a chave da casa, entra na sala e encontra o bilhete da tia, que informava apenas sobre a realização da viagem, sem especificar o motivo. Curiosa, ela resolveu ligar para o primo.
— Oi, Mateus, é Angélica. Tia Josefa foi pra Silvestre, você sabe porque? Aconteceu alguma coisa?
— O que?? Ela foi pra Silvestre hoje??
— Ela deixou um bilhete dizendo isso, que ia pegar um ônibus agora à noite e amanhã ligava pra cá.
— Meu Deus...
— Você sabe de alguma coisa?
— Não... não sei de nada... ela deve ter ido visitar alguém. — respondeu, nervoso.
— Espero que sim. Bem, eu vou indo.
Mateus sequer se despediu. Recolocou o fone silenciosamente no lugar.
“Fernando comentou que estava para agir esse final de semana”.
Pegou o celular e ligou para o irmão; o aparelho estava fora de alcance. Resolveu deixar uma mensagem gravada. Não sabia onde seria a ação de Fernando, o que o deixou ainda mais apreensivo.
Nesse momento Fernando e os outros ainda estavam parados no acostamento, entre Recanto e Raposas. Fernando assumira a direção do veículo e vigiava a estrada pelo retrovisor. A idéia era tomar um veículo da Expresso Gouveia que passava por ali de madrugada, repleta de passageiros para Raposas. Se o ônibus passasse acompanhado de outro veículo, escolheriam então algum outro, desde que estivesse trafegando sozinho e pudessem agir com segurança.
À 1 da manhã, o silêncio da estrada foi cortado pelo som de um motor.
— Olha lá, olha lá! Tá vindo um!
— Amarelo, antigo... é da Expresso Gouveia — sentenciou Fernando.
O ônibus passou e eles começaram a segui-lo. Nem perceberam que o veículo não era o que seguia para Raposas, mas isso, na verdade, em nada alteraria seus planos. Metros à frente, deram tiros para o alto, obrigando o motorista a parar. Como combinado, todos, já encapuzados, entraram no veículo, com exceção de Fernando, que começou a segui-los no carro.
Fonseca ficou na frente vigiando o motorista, Tomás foi para o fundo e Firula anunciou o óbvio:
— Todo mundo quietinho e passando tudo! Se colaborarem, isso acaba rápido!!
Com uma mochila na mão esquerda e um revólver na direita, foi percorrendo o corredor fazendo a coleta. Na metade do caminho, assustou-se com a presença de dona Josefa. Interrompeu seus passos e olhou firme em seus idosos olhos castanhos. Dona Josefa fez o mesmo.
“Ela me reconheceu” pensou Firula.
Acabou se distraindo e um passageiro que estava ao seu lado tentou-lhe pegar-lhe a arma.
— Me larga, porra!! — Gritava.
Tomás e Fonseca não sabiam o que fazer, pois pela primeira vez uma vítima reagia de forma mais ativa. Poderiam desde ficar paralisados como atirar a esmo no meio do ônibus.
Ficaram paralisados.
O mesmo não aconteceu com Firula, que não viu alternativa senão se desvencilhar do passageiro. Enfim, puxou a arma e atirou em sua direção. Não tinha certeza que o matara e não ficaria ali pra saber. Chamou os companheiros, obrigou o motorista a parar e desceu correndo do ônibus.
Assustado com o tiro, Fernando logo perguntou o que ocorrera.
— Depois te falo, agora vai correndo pra Recanto!

***

Chegando na cidade, foram para a casa de Tomás. Lá, Fernando ficou sabendo de todo o ocorrido. Firula, contudo, não teve coragem para contar sobre a presença de dona Josefa no ônibus.
— Só falta o cara ter morrido. — lamentou o caçula da velha senhora. — Isso vai colocar a imprensa e a polícia toda atrás da gente. Não tem como evitar.
Ligaram a televisão, mas nada foi noticiado. Na verdade, sabiam que as notícias só chegariam no outro dia, com o boca a boca dos passageiros, muitos deles certamente moradores de Recanto.
Nesse ínterim, Fernando verificou o celular; havia uma mensagem gravada do irmão. Gelou ao ouvi-la:
“A mãe foi para Silvestre hoje, de ônibus. Não aja”.

***
IV.
Vinte e quatro horas se passaram.
Em Recanto, só se comentava da morte do doutor Lucas e de dona Josefa. O primeiro foi alvejado por um bandido após tentar tomar-lhe a arma. O tiro disparado varou o corpo do homem, atravessou o banco de espuma e alojou-se no coração de dona Josefa.
Em volta do seu caixão, no velório, os três irmãos choram. Lúcia, a última pessoa que com ela conversara, se aproxima.
— Sei como vocês estão sofrendo. Mas gostaria que soubessem do carinho que ela tratou vocês no último diálogo que trocamos, antes daqueles bandidos entrarem.
— E o que ela disse? — perguntou Fernando, lacrimejante.
— Eu lhe perguntara se ela tinha medo de viajar por aquelas estradas, e ela me respondeu:
“Medo de que? Vou viajar na estrada que um de meus filhos reformou, que o outro vigia, e num ônibus em que o caçula trabalhou. Como me sentir mais protegida?...”

sábado, 5 de junho de 2010

Depressão (Depresión)



Seguiu mar adentro.

Até as sereias lhe darem abrigo.




Inspirado na escritora Alfonsina Storni: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfonsina_Storni





VERSIÓN EN ESPAÑOL



Seguió mar adentro.
Hasta el abrigo de las sirenas.




Inspirado en la escritora Alfonsina Storni:
http://es.wikipedia.org/wiki/Alfonsina_Storni

sábado, 24 de abril de 2010

Zorra Total

A imagem acima foi retirada da wikipédia e mostra o tráfego aéreo no Brasil no ano de 2001. Se a região norte ainda se mostra um pouco isolada, imaginem se Brasília, localizada no centro do país, não existisse...


Assisti agora a pouco o Zorra Total. O primeiro quadro do programa me fez perceber o porquê de ser uma atração tão criticada, segundo já li, até mesmo dentro da própria emissora. Um personagem que vai e vem do futuro aparecia na sala de Juscelino Kubitschek, na década de 50, e implorava para que ele não construísse Brasília, pois senão a corrupção se tornaria endêmica. É uma piada pronta que irrita a todos os que moram na capital federal, primeiramente porque a corrupção não se tornou endêmica no país por causa de Brasília, ou alguém ingênuo o suficiente acredita que ela seria menor se a sede do governo continuasse no Rio de Janeiro? A corrupção é um mal entranhado no Brasil há uns 500 anos, segundo alguns... Em segundo lugar, ao contrário dos birrentos de plantão, a nova capital indubitavelmente trouxe ganhos enormes ao país, dentre os quais um maior desenvolvimento das cidades do interior, que tiveram maiores possibilidades de escoar sua produção agrícola por causa da construção de novas estradas, o que inclusive trouxe a chance de novas fontes de renda, como o turismo.




Fica aqui o meu pequeno desabafo. E o pedido para que leiam as boas coisas que a capital já produziu nesse meio século, na postagem anterior.




segunda-feira, 5 de abril de 2010

Brasília, 50 anos!

Projeto Mala do Livro na estação do metrô de Águas Claras.





Vista da ponte JK (conhecida no DF como terceira ponte), que liga Brasília ao Lago Sul.







O Pavilhão Nacional, com 100 metros de altura.

















Cerimônia de troca da bandeira: a antiga só é retirada quando a nova já está posicionada no alto.




Brasília tem sido constantemente e injustamente criticada por desavisados brasileiros, como se a cidade fosse a responsável pelo mar de corrupção que assola o país. Esquecem-se os críticos que a capital apenas recebe por alguns anos os corruptos que são eleitos nos estados de origem...
Como uma forma de elevar um pouco a autoestima dessa jóia da arquitetura que completa meio século nos próximos dias, passo a publicar algumas informações curiosas sobre Brasília e o Distrito Federal:

1 – Algumas das mais criativas Iniciativas literárias nasceram em Brasília: Mala do livro, açougue T-bone e loucos de pedra. O açougue T-Bone, na Asa Norte, promove eventos literários quase toda semana e montou minibibliotecas em pontos de ônibus da própria Asa Norte; a Mala do Livro, criada por uma bibliotecária da cidade, consiste em uma pequena estante fechada que fica na casa de voluntários, e que disponibilizam os volumes para a vizinhança (existem Malas do Livro em algumas estações do metrô também); por fim, o grupo Loucos de Pedra, que fez mosaicos de poesias em um trecho de calçada na quadra 509 Sul, próximo ao Espaço Cultural Renato Russo;
2 - Considerada patrimônio da humanidade pela UNESCO em 1987, com apenas 27 anos de fundação, tendo em vista dois critérios: “representar uma obra-prima do gênio criativo humano” e “ser um exemplo notável de um tipo de edifício ou conjunto arquitetônico, tecnológico ou de paisagem que ilustra fase significativa na história da humanidade” (Fonte: http://whc.unesco.org/en/list/445);
3 - A ponte JK (mais conhecida como terceira ponte) foi considerada pela Sociedade dos Engenheiros do estado da Pensilvânia (EUA), como a mais bela das pontes construídas em 2002;
4 - Alguns dos maiores corredores do Brasil vieram da capital: Joaquim Cruz (campeão olímpico em 1984) é de Taguatinga, onde começou a carreira e viveu até os 18 anos; como ele, Marilson Gomes dos Santos (vencedor da São Silvestre em 2003 e 2005); e a primeira mulher brasileira a vencer a corrida de São Silvestre foi Carmen de Oliveira, de Sobradinho, em 1995;
5 - Kaká nasceu no Gama e Lúcio em Planaltina; o primeiro saiu cedo da cidade, mas Lúcio iniciou a carreira no Distrito Federal, de onde só saiu aos 19 anos;
6 - Alguns dos maiores representantes da música brasileira nasceram e/ou começaram a carreira em Brasília. Alguns exemplos: Ney Matogrosso, Fagner, Oswaldo Montenegro, Zélia Duncan, Cássia Eller, Legião Urbana (rock), Paralamas do Sucesso (rock), Plebe Rude (rock), Raimundos (rock), Natiruts (reggae)e Câmbio Negro (rap);
7 - Oscar, maior atleta de basquete no Brasil, começou a carreira em Brasília, aos 13 anos, no Clube Unidade Vizinhança;
8 - Dois dos mais conhecidos jornalistas do país criaram-se em Brasília: Ana Paula Padrão e Tadeu Schmidt (irmão de Oscar);
9 - O parque da cidade Sarah Kubitschek é considerado o maior parque urbano do mundo; para comparação, é duas vezes e meia maior que o Ibirapuera, em São Paulo e ainda maior que o Central Park, em Nova York; às margens do lago ali existente, Renato Russo teria composto um dos maiores sucessos da Legião Urbana, “Eduardo e Mônica”, o que motivou a construção de uma escultura em forma de violão no local;
10 - A clássica canção “Água de beber”, de Tom Jobim, foi composta em Brasília. A inspiração foi uma mina de água existente ainda hoje no Catetinho. Ao indagar a um candango que água era aquela, o homem respondeu: “é água de beber camará”, dando origem ao seu famoso refrão;
11 - O bina foi inventado em Brasília, em 1977, pelo eletrotécnico Nélio Nicolai;
12 - O mastro da bandeira do Brasil, em Brasília, suporta a maior bandeira hasteada permanentemente do mundo. Possui 100 metros de altura e é formado por 24 tubos de aço, visto que 24 era o número de estados (mais o DF) existentes na época da construção – início da década de 70. A bandeira mede o tamanho aproximado de uma quadra de esportes, e é trocada mensalmente em solenidades.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Ainda sobre São Luiz do Paraitinga

Embora a cidade tenha sofrido sérios danos após as chuvas da virada do ano, e tenha literalmente entrado em colapso nos primeiros dias de 2010, sua prefeitura tem agido de forma serena na reconstrução.
Inicialmente, tiveram início as doações de alimentos e roupas; recentemente, a prefeitura publicou no site que sua população não necessita mais desse tipo de ajuda. Os moradores, agora, precisam da doação de material de construção, mobília e eletrodomésticos. Há também necessidade de remédios.
Para quem queira saber mais detalhes sobre o processo de reconstrução da bela e histórica São Luiz do Paraitinga, pode acessar o www.saoluizdoparaitinga.sp.gov.br

quinta-feira, 25 de março de 2010

MANCHETES DE JORNAL ou MOTO-CONTÍNUO

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JOÃO HÉLIO FERNANDES








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João Hélio Fernandes
ISABELLA NARDONI









João Hélio Fernandes
Isabella Nardoni
ELOÁ PIMENTEL








Isabella Nardoni
Eloá Pimentel
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Eloá Pimentel
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Notas


João Hélio Fernandes – em fevereiro de 2007 foi arrastado por um carro em movimento por ladrões que abordaram sua mãe em uma rua no Rio de Janeiro.
Morreu um mês antes de completar sete anos.


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Isabella Nardoni – em março de 2008 foi jogada do sexto andar do prédio onde viviam seu pai e a madrasta, em São Paulo.
Morreu um mês antes de completar seis anos.


......
Eloá Pimentel – assassinada pelo ex-namorado em outubro de 2008 no seu apartamento, em Santo André, após sofrer cárcere privado por cem horas.
Morreu aos quinze anos.

terça-feira, 16 de março de 2010

Pitboy



Tinha braços de leão,
tórax de touro,
garras de águia,
sangue de fera.


Só lhe faltava um coração de gente.



VERSIÓN EN ESPAÑOL



Tenía brazos de león,
tórax de toro,
garras de águila,
sangre de fiera.

Solamente le faltaba un corazón de gente.





Obs: en Brasil, pit-boys son hombres jóvenes y fuertes que gustan de agredir a las personas. La palabra es la unión de la raza de perros “Pit Bull” con la palabra “boy”.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Teste do sofá



Reconheceu no telejornal o homem que a enganara com a promessa de sucesso em novelas e séries: na verdade, um falso produtor, estuprador em liberdade condicional, que se fingia funcionário de uma emissora apenas para levar ingênuas aspirantes a atrizes a mostrarem suas habilidades no mítico teste do sofá.
Chorou de raiva não só pela confiança traída, pela honra ultrajada, pelo talento ridicularizado, pelo corpo exposto.



O tal produtor era feio que dói.




Inspirado na notícia:

sábado, 20 de fevereiro de 2010

BBB

Metros à frente, uma pequena multidão aglomerava-se em forma de círculo, acompanhando algo que acontecia em seu interior. Chegando mais perto, vi uma equipe de filmagem que entrevistava uma pessoa. Alguns engraçadinhos se postavam atrás do entrevistado, fazendo gracinhas para a câmera.
— É pro “Big Bródi” — informou-me um pedreiro que, com ferramentas na mão, descansava um pouco da labuta.
É coisa rara ver equipes de filmagem na rua, de tal forma que fiquei por ali, acompanhando com curiosidade o serviço do repórter e dos técnicos.
Uma mocinha, que também fazia parte da equipe de filmagem, aproximou-se e puxou conversa:
— O senhor não quer falar um pouquinho sobre o Big Brother? Parece tão distinto, queremos aumentar nossa audiência com as classes A e B...
— É... mas...
— Não precisa ficar tímido, é coisa rápida.
— Tá bom, você que sabe.
Levou-me então até uma maquiadora, que passou um pouco de pó no meu rosto, para diminuir o brilho da pele na hora da gravação. Poucos minutos depois, estava de frente para o câmera, recebendo umas dicas do diretor.
— É coisa rápida, o repórter vai te fazer uma pergunta e o senhor responde sem olhar pra câmera, ok?
— Tudo bem.
Em seguida, a ordem do diretor:
— GRAVAR!
E o repórter então pergunta:
— E o senhor? Quem acha que ganha o Big Brother? Marcelo Paredão, Shirlley Scheilla ou Ana Sex?
— Bom, na verdade eu não acompanho muito o programa, só sei o que o pessoal comenta nas ruas. Na hora do programa eu prefiro ler alguma coisa, pode ser liter...
E o diretor, incontinenti:
COOOORTAAAA!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A palmeira andróide de Belo Horizonte




Recentemente voltei a visitar Belo Horizonte. Após passear pela Savassi, onde estão algumas boas livrarias da cidade, procurei um ponto de ônibus para retornar ao hotel, quando uma palmeira próxima chamou-me a atenção. Parte do seu tronco havia sido coberta com cimento, e pela extensão julgo que fizeram aquilo por causa de alguma doença que corroera parte dele.

Não sei se os ambientalistas e biólogos julgariam uma idéia correta ecologicamente ou ficariam horrorizados. Mas que a "obra" ficou interessante, ficou...

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Um cão como amigo



Não há muito o que falar da foto acima. Apenas lamento que um homem tenha, provavelmente como único amigo, um cão.

Essa foto foi tirada por mim no ano passado, de um prédio na Praça da Sé, em São Paulo.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Ajuda para São Luiz do Paraitinga




Não conheço São Luiz do Paraitinga. Tomei conhecimento da cidade pela primeira vez a poucos anos, quando conheci a SOSACI (Sociedade dos Observadores de Saci), uma organização cultural ali sediada que tem como meta preservar a cultura popular do país.Desde então visitá-la está em meus planos de viagem. Pesquisando pela internet, descobri não só a sua riqueza arquitetônica, mas também a riqueza cultural do povo. Em São Luiz estão sediadas não só a SOSACI, mas também o Instituto Elpídio dos Santos, um músico popular que fez as trilhas de filmes do Mazzaropi. A cidade também é terra do cientista Oswaldo Cruz; na casa onde ele nasceu funciona hoje um centro cultural, felizmente preservado após os temporais, por estar localizado em um morro.
Por toda essa riqueza artística, entristeceu-me muito ver o caos ali instalado após as chuvas da virada do ano. Casarões históricos e duas antigas igrejas, incluindo a matriz, foram destruídas (na foto acima vê-se a matriz antes e depois das chuvas). Tais perdas não são apenas físicas, mas podem interferir diretamente na qualidade de vida dos moradores, que tem no turismo uma das principais fontes de renda.
Tendo em vista o caos instalado na cidade, abriu-se uma conta para que se possa auxiliar a sua reconstrução. O governo estadual também já se prontificou a ajudar. Mantimentos, água, remédios e material de limpeza também estão sendo doados em cidades próximas (confira a lista dos postos de arrecadação no site http://www.ajudeparaitinga.com.br/ajude/).
Enfim, lembremos que a grande força motriz de São Luiz está no turismo. Por isso, quando a cidade já oferecer condições de hospedagem, não deixemos de visitá-la. Eu, por exemplo, continuo incluindo São Luiz entre meus próximos destinos no Brasil, e espero que, em breve, eu poste aqui as fotos da cidade, que talvez esteja ainda mais bela e valorizada.Por fim, apenas para relembrar um incidente parecido, a histórica Cidade de Goiás, terra de Cora Coralina e antiga capital do Estado, também foi atingida por fortes chuvas em 2002. Foi reconstruída e continua atraindo turistas.
Veja um pequeno vídeo sobre a situação de São Luiz: http://www.institutoelpidiodossantos.org.br/
Para doações em dinheiro:
Razão Social: Prefeitura Municipal da Estância Turística de São Luiz do Paraitinga
CNPJ: 46.631.2480001-51 ENDEREÇO: PRAÇA OSWALDO CRUZ, 03 CENTRO CEP: 12140-000 - SÃO LUIZ DO PARAITINGA, SP


CONTAS BANCÁRIAS PARA DOAÇÕES:

CAIXA ECONOMICA FEDERAL AG. 2898 AGÊNCIA MAZZAROPI OP. 006 - C/C 12-2

BANCO DO BRASIL AG. 076-0 C/C 202020-3


Fontes das fotos:


http://www.cnbsp.org.br/portal/arquivos/Imagem/DSC05997.JPG
http://www.saoluizdoparaitinga.sp.gov.br/matriz.htm
http://f.i.uol.com.br/folha/cotidiano/images/10006323.jpeg
http://f.i.uol.com.br/folha/cotidiano/images/10002197.jpeg


quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O Mundo é delas




Foi após a 5ª Guerra Mundial. Apesar de ter recebido essa denominação, o conflito não envolvera todos os países do mundo, mas apenas aqueles com poderio militar suficiente para apagar da história toda a humanidade, em todos os cantos do planeta. Isso acabou sendo alcançado, incluindo na destruição os próprios países causadores do conflito, o que possivelmente não havia sido planejado...
Enfim, as próximas cenas se passaram após esse conflito atômico que destruiu toda a humanidade e boa parte dos animais. Os únicos sobreviventes foram as baratas, que agora tinham como companhia apenas o reino vegetal.
O mundo era um rascunho do que o homem promovera nos últimos séculos. Arranha-céus, estradas, ferrovias, maquinários, tudo isso ainda existia, mas iam aos poucos sendo absorvidos pela natureza ao redor, que dia após dia avançava a vegetação para as cidades. Em algumas só se via agora o verde, interrompido em pontos isolados por um ou outro prédio mais elevado, ainda não alcançado pelas árvores.
Aeronaves, caminhões e veículos há anos estacionados em pátios ou ruas viravam verdadeiros fósseis de aço.
Os velhos depósitos de lixo desapareciam à medida que o tempo tratava de absorver no solo o antigo esgoto da humanidade, ou seja, plástico, latas, pneus velhos, eletrodomésticos quebrados e papel, muito papel. Os restos de alimentos já há muito tempo não existia, boa parte deles consumidos pelas próprias baratas.
O lixo acumulado no fundo dos rios aos poucos desaparecia e a erosão em suas margens também sofria o processo inverso.
No céu das antigas cidades não se via mais o cinza, mas o verdadeiro e límpido azul celeste.
Foi então que duas velhas baratas, andando por aqueles verdejantes caminhos, rememoraram os anos passados que o tempo não traria mais. Passaram ao largo de um córrego de água límpida, que ao tempo delas praticamente secara por causa do excesso de lixo em seu curso; depois seguiram por uma trilha na mata, onde naquele tempo havia um beco com um filete de esgoto a céu aberto que o acompanhava. Por fim, chegaram em um antigo lixão praticamente coberto de arbustos e flores, lugar onde antes se acumulara toneladas de entulho e onde hoje abrigava apenas uma ou outra latinha de alumínio que não teria vida longa. O parque dos sonhos da infância das duas não era mais o mesmo...
O mundo já abrigava a 265ª geração de baratinhas pós-conflito mundial, geração esta que não chegara a conviver com o ser humano, visto entre muitas de maneira quase que lendária, sem comprovação científica, algo como a Atlântida ou extraterrestres. É certo que só se passara alguns meses da grande destruição, mas lembremos que o ciclo de vida desses insetos é diferente dos humanos e uma barata, ao contrário dos humanos, pode ser tataravó em algumas semanas...
Enfim, o relato de histórias protagonizadas com os homens era visto por algumas das mais jovens como caduquice das baratas mais idosas. Era o velho conflito de gerações...
Mas as duas companheiras anciãs, de fato, já conviveram com o homem e conheceram o mundo quando os humanos dele faziam parte. E uma delas, ao contemplar aquele ambiente desolador cheio de verde e sem lixo, com gravetos e brotos de plantas a atravessar-lhes o caminho (em vez das latinhas com restos de cerveja ou comida), com lágrimas nos olhos, finalmente exclamou nostálgica e comovida para a outra:
— Puxa vida, que saudade dos humanos!



Fontes das fotos: http://www.fz-juelich.de/gs/genehmigungen/projekte/tschernobyl/diashow/ (clique na seta azul e veja fotos de Chernobyl, após o desastre nuclear); http://pripyat.com/ru/city/adresses_book/2005/09/09/265.html (fotos de uma cidade japonesa, abandonada em 1974).

domingo, 24 de janeiro de 2010

Os Doze Trabalhos

O que lhe faltava de estudo lhe sobrava de boa vontade e inteligência. No escritório improvisado na salinha da casa, anunciava seus serviços de bombeiro hidráulico e eletricista. Nas horas vagas entregava panfletos e lavava carros. Quando a cidade fervia com alguma festa, se postava à entrada vendendo cerveja. Se fosse algum show infantil, cocadas. Aos sábados, era pedreiro e, nos domingos, conservava um jardim de uma mansão, além de tratar da piscina e dos cachorros. Nas férias, abrigava-se na fazenda dos donos da mansão, onde trabalhava como caseiro e motorista.
Seu nome: João Antonio da Silva.Mas pode chamar de Hércules.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Mãe-natureza














Oh, mãe-natureza ...



Comportamo-nos como filhos?










Obs: fotos retiradas da Wikipedia

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O primeiro rebento de 2010

Demorou, mas finalmente me rendi aos blogs. No mundo atual, não há ferramenta mais eficiente para divulgar suas obras, idéias, pensamentos, elocubrações, recordações de viagem... A função desse blog será justamente essa, divulgar duas de minhas grandes paixões: a literatura e o turismo. Contos e crônicas de viagem (devidamente ilustradas por fotos) serão postadas aqui para o (espero) deleite dos leitores...