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domingo, 28 de setembro de 2014

Vila de São Jorge









O coração já bate diferente quando começa a estrada de terra


São Jorge adoraria essa casa criada por guerreiros
que o adotaram como exemplo maior


Chão de terra
Paredes e mentes coloridas


Vila de São Jorge

Me deixa

tão


são 





Singela homenagem à Vila de São Jorge, porta de entrada do Parque da Chapada dos Veadeiros (Goiás)

sábado, 13 de setembro de 2014

Rua Campestre



Estava com o tanque na reserva quando entrou na rua Campestre naquela madrugada; afora algumas pessoas que se despediam de uma idosa, tudo era silêncio. Estacionou no final, onde as casas rareavam e tinha início uma estrada de terra. Olhou no retrovisor, e seu olhar pareceu cruzar com a da provável moradora da casa; logo depois, ela fechou o portão e entrou em casa.
As horas passadas circulando a esmo pela cidade não foram suficientes para aclarar-lhe as ideias. Credores o perseguindo, esposa indo embora; tudo era como um gatilho para ativar a depressão adormecida. Como de costume, se alimentava dos remédios receitados pelo psiquiatra, mas dessa vez, sem obter o efeito pretendido.
Acende a luz interna do carro e verifica o revólver 38 no banco do carona. Adquirira a arma anos antes, a título de defesa pessoal. Treinava eventualmente e ainda possuía munição nova. Abriu o tambor da arma e jogou os projéteis na palma da mão. Observou o brilho dourado, semelhante a ouro, que poderia lhe devolver o bem mais precioso nesse momento: a tranquilidade.
Após recolocar uma das balas no revólver, alguém bate na sua janela.
Abre um pouco o vidro.
“Que é?
“Da um troco aí, mano”.
“Não tenho nada. Tchau.”
“Pô, mano, nesse carrão aí não tem nada, arranja um negócio aí.”
“Já disse que não tenho nada”.
O interlocutor era um dos doidinhos da cidade, alcoólatra inveterado que vivia nas ruas a troco de migalhas e de trabalhos passageiros. Recém havia se viciado no crack e se tornara mais imprevisível e violento desde então.
“Pô, véio, não vai dar nada não, não vai não??”
E tentou abrir o vidro do carro, sem sucesso. Com as próprias mãos golpeava continuamente o veículo.
“Sai daqui, seu merda, me deixa em paz”.
Antonio da Graça, era esse seu nome, ignorou o motorista e continuou a golpear o veículo, a procura de algo que ele nem sabia se encontraria.


..........



Dona Isaura, a idosa avistada pelo motorista, verifica o relógio. São duas horas da manhã. Junto de seus vizinhos – soube depois - acordou assustada e repentinamente. Ao som de dois disparos.