Forte. Resoluto. Enfrentou meu pai o sepultamento da mãe, que há tantos anos sofria com o Alzheimer.
Eu a amava, e como neto sofria, chorava às vezes, escondido, ao lembrar que minha grande protetora e leitora de histórias na infância de mim já não se lembrava.
Meu pai, triste, claro, com a situação, mas sempre procurava pensar nas coisas práticas da vida, qual o melhor preço nas farmácias, o melhor tratamento, e por fim como lidar com a perda inevitável.
Até aquele momento.
As palavras do padre.
O último beijo na testa.
A tampa do caixão separando-a pra sempre do mundo dos vivos.
A caminhada até a sepultura.
Seu corpo voltando à mãe-terra e
a terra jogada dentro do túmulo.
O trabalho rápido e respeitoso dos coveiros.
Os últimos abraços dos presentes.
No carro, coloca a chave na ignição e em seguida deita sobre o volante.
Soluça, chora, como um tsunami atingindo uma praia. E me surpreendo.
Era como um maremoto onde eu julgava não haver água.
Imagem feita no aplicativo Imagine

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