Casa da Pirâmide
A tradição popular nos conta que, por causa dos maus
tratos sofridos na Fazenda Campo Alegre, o escravo João Antão fugiu e refugiou-se
em uma gruta, passando a viver da caça, pesca, e da colheita de frutos
silvestres (as más línguas, contudo, afirmam que o escravo tinha um caso com a
irmã do patrão...).
Aproximadamente 18 anos depois, apareceu a João um
senhor de vestes brancas. Ele escreveu um bilhete, deu ao ex-escravo, e falou
para ele voltar a fazenda e entregar ao antigo patrão, João Francisco
Junqueira, garantindo que ele seria perdoado pela fuga. Chegando na fazenda,
todos se espantaram com sua volta, mas antes que fosse mandado para o açoite,
ele entregou o bilhete a Junqueira, que, após ler seu conteúdo, exigiu que João
o levasse junto com uma comitiva até a gruta para certificar-se do que havia
ocorrido.
Não se sabe o conteúdo do bilhete, mas o fazendeiro
teria se espantado com a bela caligrafia nele contida, rara na época.
Chegando ao local, não encontraram o autor do
bilhete, mas sim, uma fina imagem de madeira de São Tomé no fundo da gruta. O
fazendeiro se impressionou e mandou erguer ao lado da gruta uma capela, hoje a
igreja Matriz. Antes do fim da obra Junqueira faleceu (era 1819). A capela foi
concluída por seu filho, Gabriel Francisco Junqueira (Barão de Alfenas), que
faleceu em 1869. Pai e filho foram enterrados sob o altar da Matriz, cuja
pintura de teto é atribuída a José de Natividade, discípulo de Aleijadinho.
Quanto ao senhor de vestes brancas, o mais provável
é que ele tenha sido um jesuíta, fugindo das perseguições do Marquês de Pombal,
que ordenara a expulsão desse grupo de religiosos do Brasil.
Na entrada da referida gruta foram descobertas
pinturas avermelhadas parecidas com letras, o que explica a expressão “das
Letras” no nome do município. Essas marcas, provavelmente, foram feitas pelos
índios cataguases, que habitaram a região antes da chegada dos desbravadores.
A cidade está deitada sobre uma imensa reserva de
quartzito. A pedra, mais conhecida como São Tomé, é exportada para várias
partes do Brasil, e é explorada há vários anos. Muitas casas e construções
antigas, como a Igreja Nossa Senhora do Rosário, são construídas com esse
material. As pedras nesse tipo de construção são apenas sobrepostas e
encaixadas, sem o uso de argamassa, o que torna a arquitetura do local ainda
mais curiosa e diferenciada.
Como atrações naturais possui aproximadamente 30 cachoeiras,
a Gruta da Bruxa e a Gruta do Carimbado, que reserva uma das mais conhecidas
lendas da cidade. A gruta – que recebeu esse nome porque tem muitas passagens
estreitas, “carimbando” seus visitantes de argila - seria uma passagem para a
cidade inca de Machu Picchu, no Peru. A motivação para o surgimento dessa
história se deu provavelmente porque ninguém, ao que se saiba, chegou ainda ao
seu fim.
Outras atrações são a Pirâmide, uma casa
presumivelmente construída por um alemão e que, sendo abandonada, começou a ser
visitada como mirante. E outro local curioso é a Ladeira do Amendoim: se
deixados parados e em ponto morto, os carros sobem a ladeira em vez de descer.
A explicação para o fenômeno seria uma ilusão de ótica, pois se tem essa
impressão devido à configuração do terreno, ou seja, o que nos parece uma
subida na verdade é uma descida. Outra explicação corrente é a presença de um
campo magnético no local.
A cidade tem uma aura de misticismo ao seu redor, o
que é reforçado pelas histórias acima e por freqüentes relatos de aparições de
óvnis. A cidade, por conta disso, é sede de vários grupos esotéricos, como a
Eubiose, Fundação harmonia, Movimento Gnóstico, e outros.
Do ponto de vista jurídico, São Tomé das Letras
tornou-se distrito em 1840 e em 30 de dezembro de 1962, através da Lei 2764,
emancipava-se de Baependi.
Cruzeiro
Pedra da Bruxa
Uma praça com a estátua de Chico Taquara, andarilho da região que os místicos dizem ter sido um ser de outra dimensão
Sobre Chico
Taquara:
Seu nome verdadeiro era Francisco Gonçalves de Góes,
tendo nascido nas proximidades da cidade em 1840 e falecido em 1916. Há várias
referências a ele que o tornam uma figura de aspecto quase lendário.
Vivia ele em uma gruta no alto da Serra das Letras
(hoje denominada Gruta Chico Taquara), próxima da cidade, e era conhecido por
fazer curas milagrosas. Muitos moradores já o viram conversando com animais –
que talvez fossem atraídos pelo mel que costumava passar em seus cabelos.
Também pendurava argolas de ferro nas pontas.
Conta-se que uma mulher, preste a dar a luz, pediu
para o marido procurá-lo. O esposo saiu ao seu encalço e, após encontrá-lo e
expor-lhe o ocorrido, pediu ajuda. Taquara falou para ele ir andando que ele já
iria. Quando chegou em casa, encontrou a esposa já com a criança nos braços,
que lhe perguntou:
- Você não encontrou o Chico pelo
caminho? Ele já foi embora a mais de hora...
Um dia, ele desapareceu. Para os místicos, Taquara
pertencia a uma civilização intraterrena e voltou ao interior da Terra após
cumprir sua missão.
E um fato acontecido em Xique-Xique, no interior da
Bahia, reforça o aspecto misterioso em torno de Taquara. Em 1979, Oriental Luiz (autor de um livro sobre Xique-xique) encontrou um índio que lhe contou sobre um homem que ali aparecera no passado:
era visto como santo por muitas pessoas, sendo conhecido como... Chico
Taquara...
Gruta de São Tomé
As letras em tom suave na gruta
A torre da igreja vista do alto da gruta de São Tomé (acessada por uma escadaria)
Igreja do Rosário
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