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quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

São Thomé das Letras (MG)



 Casa da Pirâmide

A tradição popular nos conta que, por causa dos maus tratos sofridos na Fazenda Campo Alegre, o escravo João Antão fugiu e refugiou-se em uma gruta, passando a viver da caça, pesca, e da colheita de frutos silvestres (as más línguas, contudo, afirmam que o escravo tinha um caso com a irmã do patrão...).
Aproximadamente 18 anos depois, apareceu a João um senhor de vestes brancas. Ele escreveu um bilhete, deu ao ex-escravo, e falou para ele voltar a fazenda e entregar ao antigo patrão, João Francisco Junqueira, garantindo que ele seria perdoado pela fuga. Chegando na fazenda, todos se espantaram com sua volta, mas antes que fosse mandado para o açoite, ele entregou o bilhete a Junqueira, que, após ler seu conteúdo, exigiu que João o levasse junto com uma comitiva até a gruta para certificar-se do que havia ocorrido.
Não se sabe o conteúdo do bilhete, mas o fazendeiro teria se espantado com a bela caligrafia nele contida, rara na época.
Chegando ao local, não encontraram o autor do bilhete, mas sim, uma fina imagem de madeira de São Tomé no fundo da gruta. O fazendeiro se impressionou e mandou erguer ao lado da gruta uma capela, hoje a igreja Matriz. Antes do fim da obra Junqueira faleceu (era 1819). A capela foi concluída por seu filho, Gabriel Francisco Junqueira (Barão de Alfenas), que faleceu em 1869. Pai e filho foram enterrados sob o altar da Matriz, cuja pintura de teto é atribuída a José de Natividade, discípulo de Aleijadinho.
Quanto ao senhor de vestes brancas, o mais provável é que ele tenha sido um jesuíta, fugindo das perseguições do Marquês de Pombal, que ordenara a expulsão desse grupo de religiosos do Brasil.
Na entrada da referida gruta foram descobertas pinturas avermelhadas parecidas com letras, o que explica a expressão “das Letras” no nome do município. Essas marcas, provavelmente, foram feitas pelos índios cataguases, que habitaram a região antes da chegada dos desbravadores.
A cidade está deitada sobre uma imensa reserva de quartzito. A pedra, mais conhecida como São Tomé, é exportada para várias partes do Brasil, e é explorada há vários anos. Muitas casas e construções antigas, como a Igreja Nossa Senhora do Rosário, são construídas com esse material. As pedras nesse tipo de construção são apenas sobrepostas e encaixadas, sem o uso de argamassa, o que torna a arquitetura do local ainda mais curiosa e diferenciada.
Como atrações naturais possui aproximadamente 30 cachoeiras, a Gruta da Bruxa e a Gruta do Carimbado, que reserva uma das mais conhecidas lendas da cidade. A gruta – que recebeu esse nome porque tem muitas passagens estreitas, “carimbando” seus visitantes de argila - seria uma passagem para a cidade inca de Machu Picchu, no Peru. A motivação para o surgimento dessa história se deu provavelmente porque ninguém, ao que se saiba, chegou ainda ao seu fim.
Outras atrações são a Pirâmide, uma casa presumivelmente construída por um alemão e que, sendo abandonada, começou a ser visitada como mirante. E outro local curioso é a Ladeira do Amendoim: se deixados parados e em ponto morto, os carros sobem a ladeira em vez de descer. A explicação para o fenômeno seria uma ilusão de ótica, pois se tem essa impressão devido à configuração do terreno, ou seja, o que nos parece uma subida na verdade é uma descida. Outra explicação corrente é a presença de um campo magnético no local.
A cidade tem uma aura de misticismo ao seu redor, o que é reforçado pelas histórias acima e por freqüentes relatos de aparições de óvnis. A cidade, por conta disso, é sede de vários grupos esotéricos, como a Eubiose, Fundação harmonia, Movimento Gnóstico, e outros.

Do ponto de vista jurídico, São Tomé das Letras tornou-se distrito em 1840 e em 30 de dezembro de 1962, através da Lei 2764, emancipava-se de Baependi.

 Cruzeiro

Pedra da Bruxa



 
 Uma praça com a estátua de Chico Taquara, andarilho da região que os místicos dizem ter sido um ser de outra dimensão

Sobre Chico Taquara:

Seu nome verdadeiro era Francisco Gonçalves de Góes, tendo nascido nas proximidades da cidade em 1840 e falecido em 1916. Há várias referências a ele que o tornam uma figura de aspecto quase lendário.
Vivia ele em uma gruta no alto da Serra das Letras (hoje denominada Gruta Chico Taquara), próxima da cidade, e era conhecido por fazer curas milagrosas. Muitos moradores já o viram conversando com animais – que talvez fossem atraídos pelo mel que costumava passar em seus cabelos. Também pendurava argolas de ferro nas pontas.
Conta-se que uma mulher, preste a dar a luz, pediu para o marido procurá-lo. O esposo saiu ao seu encalço e, após encontrá-lo e expor-lhe o ocorrido, pediu ajuda. Taquara falou para ele ir andando que ele já iria. Quando chegou em casa, encontrou a esposa já com a criança nos braços, que lhe perguntou:
- Você não encontrou o Chico pelo caminho? Ele já foi embora a mais de hora...
Um dia, ele desapareceu. Para os místicos, Taquara pertencia a uma civilização intraterrena e voltou ao interior da Terra após cumprir sua missão.
E um fato acontecido em Xique-Xique, no interior da Bahia, reforça o aspecto misterioso em torno de Taquara. Em 1979, Oriental Luiz (autor de um livro sobre Xique-xique) encontrou um índio que lhe contou sobre um homem que ali aparecera no passado: era visto como santo por muitas pessoas, sendo conhecido como... Chico Taquara... 

Gruta de São Tomé


As letras em tom suave na gruta


A torre da igreja vista do alto da gruta de São Tomé (acessada por uma escadaria)




Igreja do Rosário