Estava transtornado e pensava em
morrer. Por isso, saiu pela ruas da metrópole, intentando resolver como e onde
se daria a morte. Passava pelas pessoas como zumbi, andando a esmo pelas
calçadas.
Em frente a uma praça, foi abordado
por uma jovem cigana.
-- Moço, posso ler sua sorte? Sou
cigana legítima, meus avós vieram da Romênia há setenta anos, fugindo dos
nazistas.
Encarou a moça. Nunca acreditara em
premonições e coisas do esoterismo, mas não lhe faltava curiosidade para o
novo.
-- Está bem, pode ler.
A moça então pegou sua mão direita e
virou a palma para si. Percorreu com os dedos as linhas. Encarou surpresa os
olhos do homem e lhe apertou a mão.
-- Eu também estou sozinha.
E continuou apertando a mão do homem,
como se não quisesse deixá-lo ir. O olhar da jovem, de um passivo triste, mudou
para o anseio.
O homem percebeu quando o olhar da
mulher substituiu o da cigana. E certamente ela também percebeu quando os olhos
opacos dele vislumbraram o futuro.
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