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quarta-feira, 8 de julho de 2015

Mãos



Estava transtornado e pensava em morrer. Por isso, saiu pela ruas da metrópole, intentando resolver como e onde se daria a morte. Passava pelas pessoas como zumbi, andando a esmo pelas calçadas.
Em frente a uma praça, foi abordado por uma jovem cigana.
-- Moço, posso ler sua sorte? Sou cigana legítima, meus avós vieram da Romênia há setenta anos, fugindo dos nazistas.
Encarou a moça. Nunca acreditara em premonições e coisas do esoterismo, mas não lhe faltava curiosidade para o novo.
-- Está bem, pode ler.
A moça então pegou sua mão direita e virou a palma para si. Percorreu com os dedos as linhas. Encarou surpresa os olhos do homem e lhe apertou a mão.
-- Eu também estou sozinha.
E continuou apertando a mão do homem, como se não quisesse deixá-lo ir. O olhar da jovem, de um passivo triste, mudou para o anseio.
O homem percebeu quando o olhar da mulher substituiu o da cigana. E certamente ela também percebeu quando os olhos opacos dele vislumbraram o futuro.




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